Ferro, cobre, ouro, prata e chumbo são metais conhecidos e utilizados há milénios pelas mais diferentes civilizações, em diferentes contextos geográficos.
O volfrâmio, pelo contrário, chegou à ciência apenas no final do século XVIII tendo permanecido como curiosidade científica até meados do século XIX, passando a partir dessa época a integrar diferentes ligas de aços de alta resistência. Mais tarde, no alvorecer do século XX, com advento e massificação da eletricidade, tornou-se um elemento essencial para o fabrico de filamentos.
Porém a guerra e a corrida ao armamento é que vieram a dar grande protagonismo ao volfrâmio, a Portugal e, por inerência, às Terras do Volfrâmio.
A escassez deste metal nos mercados mundiais, catapultou Portugal e as suas reservas de volfrâmio para o centro de um jogo de bastidores entre os Aliados e o Eixo, onde os beligerantes procuravam obter este minério a qualquer preço e por qualquer meio. A procura gerou uma subida de preços que teve como consequência uma “febre do ouro negro”. Explorava-se o minério em concessões formais e informais, as pessoas abandonavam o cultivo das terras para ir em busca do “volfro”, homens, mulheres e crianças revolviam as serras, peneiravam, lavavam…
Roubava-se, traficava-se, falsificava-se, compravam-se cumplicidades, e não raras vezes assassinava-se pelo precioso metal. Os cenários da trama do volfrâmio desenrolavam-se em muitos palcos, desde as humildes aldeias e serras, às embaixadas, ministérios, átrios de hotéis, e chancelarias de Lisboa, desde os transportes e exportações lícitas, aos caminhos do contrabando pela raia. Roosevelt e Churchill, discutiram o problema entre si, pressionando o Governo da época a cessar os fornecimentos de volfrâmio à Alemanha e a aumentar as quotas destinadas aos Aliados. Hitler certamente que também o fez, se não diretamente, através dos agentes e empresas alemães sedeados em Portugal.
Surgiram novos personagens, os volframistas, intermediários ou representantes, que compravam o volfrâmio sobretudo aos exploradores informais, e que depois por meios ilegais, ou sob fachadas de falsas legalidades, o faziam chegar a uma ou outra parte.
Surgiram novas, e repentinas fortunas. Foi um tempo de mudança, foi um vendaval, que conforme chegou, conforme partiu; mas que deixou marcas indeléveis nas paisagens e no imaginário das Terras do Volfrâmio.